Traduzir-se... será arte?
Uma parte de mim é permanente: outra parte se sabe de repente.
Traduzir uma parte na outra parte - que é uma questão de vida ou morte -
será arte?
Ferreira Gullar
08 abril 2013
31 março 2013
30 março 2013
25 março 2013
15 novembro 2011
Coisa mais irritante.
Existe algo mais irritante do que quando
acabamos de acender um cigarro e alguém começa a preleção sobre os males do
cigarro?! Será que as pessoas não desconfiam que nós, fumantes, temos plena consciência
dos malefícios deste vicio? Será que eles não desconfiam que nós, apesar disso,
não queremos, não podemos ou não estamos preparados a parar de fumar? A maioria
destas pessoas chegam até a serem mal educadas, inconvenientes. Já Repararam na
manobra que o fumante tem que fazer pra conseguir fumar, em paz, até mesmo ao
ar livre, mais ou menos longe de todos ou nestes lugares críticos que disponibilizam
para os fumantes? Algum tratamento um bocadinho pior que isso seria quase que
desumano. E nem sequer temos uma sociedade protetora dos fumantes pra nos
defender, lutar pelos nossos direitos e nos garantir lugares dignos.
Um dia, talvez, o desejo de parar apareça.
Seja por medo, covardia, economia ou o que quer que seja! Mas é um ato que
começa dentro de cada um.
Comigo foi por medo, confesso. Dei por mim, nos cigarros da ultima carteira, com a sensação de que alguma coisa ruim estava
acontecendo comigo a cada tragada. Foi estranho e forte.
13 novembro 2011
11 novembro 2011
03 agosto 2011
26 julho 2011
O que há
O que há em mim é sobretudo cansaço –
Não disto nem daquilo,
Nem se quer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo.
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém.
Essas coisas todas –
Essas e o que falta nelas eternamente – :
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvidas quem ame o infinito,
Há sem dúvidas quem deseje o impossível,
Há sem dúvidas quem não queira nada –
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço...
Álvaro de Campos
(09-10-1934)
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