17 julho 2005

P� de que?!...

_N�s temos alguma semente aqui em casa mae? A minha professora quer que eu leve uma semente para a escola amanha.
Claro que temos filha, temos feijao, arroz, milho... eu te mostro depois t�?

Apressada demais nao se conteve e foi correndo at� a dispensa e verificou tudo o que podia fazer brotar. Melhor dizendo, tudo o que ela imaginava fazer brotar.
L� vem a garotinha cheia de graos em busca de um copinho ou uma latinha onde pudesse plantar sua sementinha. Envolveu todas com algodao, estava tudo muito bem cuidado, bem organizadinho. Cada semente em seu lugar.

Eu estava muito ocupada naquele momento, confesso que nao dei muita importancia ao que ela estava fazendo. Mas, vez por outra podia perceber o seu interesse naquela atividade. Numa fra�ao de segundos me lembrei de quando eu era crian�a, de como era bom ter tantas fantasias. Fez-me lembrar que acreditar, ter esperan�a � uma das coisas mais gostosas do mundo.

Mas logo logo estava de volta as minhas atividades, ao meu tempo real, tinha pouco tempo e nao podia viajar nos meus pensamentos naquele momento. Voltei. Quando estava mais uma vez mecanicamente organizando certas coisas, l� vem ela outra vez.

_ Vem mae!!! Vem ver as minhas sementinhas.. Eu j� plantei!
Eu tinha que ir! As vezes sinto que podia ir mais vezes. Fui.
_ Olha s�!!! Aqui temos uma grande planta�ao! Qual sementinha � esta filhinha? Mostrei interesse.
_ Aqui eu coloquei o milho, ali est� meu p� de feijao, nesta outra latinha o de arroz e nesta o meu p� de macarrao!
_ P� de que?!...
_ De macarrao ora! Disse ela, com um jeintinho de quem nao havia entendido a minha surpresa. Estaria eu falando alguma bobagem? Senti vontade de rir.
_ P� de que?! Insisti.
_ De macarrao!
_ Filha, deixa a mamae te explicar uma coisa. Nem todos os alimentos que temos sao retirados diretamente das �rvores, o macarrao, por exemplo, nao nasce em �rvores.
_ Claro que nasce!!! Ela estava certa disso.

Achei que havia dois caminhos: um, explicava de uma vez como se fazia o macarrao ou a levaria a entender de outra maneira. Uma maneira mais divertida, ao menos para mim, que a esta altura j� fantasiava mil hist�rias.
_ Querida, quando as plantinhas come�arem a crescer, voce vai cuidar delas?
_ Vou sim, at� elas ficarem grandes.
_ E quando o p� de macarrao crescer, como vai ficar? Voce j� viu um p� de macarrao?
_Acho que nunca vi, mas deve ser parecido com os outros.
_ Eu acho que macarrao nao nasce em �rvores.
_ Ohhhhhhh mae, claro que nasce!!!!! Quer apostar?
"Quer apostar?" Ela queria apostar isso comigo?

Neste momento o que ela pedisse eu poderia dizer que sim, afinal ela ia mesmo perder aquela aposta! Era uma pena mas ela precisava fazer a grande descoberta!
_Claro! podemos apostar e o que voce quer?
_ Seis cachorros e quatro gatos! Respondeu na hora, sem pestanejar.
H� muito tempo que vinha me pedindo um bichinho, e agora queria 10 de uma s� vez?! ela sabia que pedia na hora certa, que desta vez eu nao iria poder dizer nao. Afinal, era uma aposta e ela tinha certeza que estava certa e que ganharia.
_ Combinad�ssimo! Concordei.
_Quando o p� de macarrao nascer, se nascer, iremos atr�s dos seus bichinhos. Mas, olhe bem! � voce quem vai cuidar deles viu?

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