30 maio 2006

Meu amigo Victor é uma pessoa especial.. especial para muitos mas muito mais especial para mim. Sintonia é uma coisa não muito comum entre as pessoas, principalmente entre duas pessoas que vivem distantes. Ele está fisicamente muito distante de mim mas muito próximo do que diz respeito às sensações. Ele me advinha, me sente os sentidos... sente quando estou distante e quando estou por perto, sente como sinto, como me movimento, sente os meus sonhos, os meus desejos... sente que eu o sinto sentir.
Nunca tive muitos amigos, mas tenho amigos verdadeiros. Assim como o Victor, assim como o fotógrafo de cabelos e barbas grilhasas, olhar profundo, fala mansa e sorriso misterioso. E apesar de saber de todo esse livre transito entre nossos sentimentos e sensações ainda me admiro com a precisão que capta e sente as minhas emoções.
O fotógrafo e a escritora são quase como o que não há!


sentir o povo que vive
O fotógrafo e a escritora reencontram-se na calçada que percorrem tranquilamente. Ele escreve sentires com cada clique de sua câmera fotográfica. Ela, cria as mais belas imagens com um singelo movimento dos cílios

O ciclo contínuo da vida

Enquanto percorre a calçada recifense em direcção ao largo onde sabe vir a encontrar a maior agitação de um Povo que vive, o Fotógrafo tem no pensamento que no dia de amanhã a alvorada será mais alegre e prazenteira pois a escritora festejará mais um aniversário de uma vida plena de sentires e de quereres.

A vida é mesmo assim, festejar os dias que passam pois a cada momento somos surpreendidos por aquelas situações de que tão certas que são nunca deixam de causar consternação e desgosto. Ainda há poucos dias desapareceu do nosso convívio um amigo de muitas andanças e lutas com solidariedade e fraternidade.

Companheiro do Fotógrafo em variadas caminhadas da vida nunca houve ocasião para o contacto pessoal com a Escritora, algo desejado e muito sonhado mas que com as voltas que a vida dá nunca foi possível de concretizar. É uma mágoa que fica, mas que o sonho e o muito querer sempre resolverá...

_Querida Escritora estes são os escolhos da vida.... nunca pudemos concretizar o teu encontro pessoal com o Fernando...
_É verdade... é uma mágoa que eu sinto...
_Como escreveu o nosso amigo António “...no cantinho onde ele estará, tenho a certeza, um lugar merecido... vamos lá a um petisco, todos juntos...”
_Por certo é essa mesmo a forma como o Fernando pretende ser recordado...

Ficámos um pouco a meditar na verdadeira forma de ser e de estar deste nosso querido Amigo. O espaço FRATERNIDADE a que ele dedicou tanto carinho e empenho era, como os espaços que todos nós utilizamos por aqui, algo de muito pessoal, íntimo mesmo que no seu desejo de partilhar colocou à nossa leitura. Será impossível como em tudo que é íntimo e pessoal ter sequência dada por quem quer que seja, por muito que lhe queira.

Esse deveria ser um “outro” espaço de elegia a Fernando Bizarro.

Por outro lado está bem claro na forma como pretendeu que o seu funeral se concretizasse, na cremação, que não deseja culto pessoal. O Fernando foi sempre um defensor do colectivismo, nunca do culto da personalidade.

_Querida Escritora, onde já vai o nosso pensamento...
_É verdade, não são somente as palavras que se comportam como as cerejas, assim o são também os pensamentos...
_Sabe, querida Amiga? O Fernando iria transformar em frente o dia de amanhã... e continua, onde quer que se encontre, a desejar isso mesmo...

Victor, o fotógrafo

Nenhum comentário: