20 julho 2006


rio parnaíba

Reencontro

Vou em busca de minhas lembranças, em busca de parte da minha história. Reviver. Resgatar palavras, gestos, paisagens. Relembrar sorrisos, reviver felicidade pura e ingênua da infância. Ver mais uma vez o rio correr, o mesmo rio e dizer baixinho para que ele onde estiver outra vez me escute: vai rião.. vai rião! Ele me sorria e por toda a sua vida, ao me ver, tornava tudo vivo outra vez. Lembro do seu sorriso puro, dos seus olhos sábios, da sua fala mansa, seu jeito carinhoso.
Tocar nos objetos repletos de energia, de memória e sentir nos olhos dela a saudade, a certeza do dever cumprido, de vida já muito vivida e ver menininha de tranças loiras sorrir com o meu sorriso. Sentir no toque das suas mãos as mãos de quem me moldou a alma, sentir e renovar tudo o que sei de amor, de verdade, justiça e buscas.
Mais tarde, entrar na casa de árvores de flores brancas que me enfeitava o cabelo e buscar os traços das que parte a parte me deram o nome.
Sentir os cheiros, os sabores. Ouvir nossas e novas vozes.
Correr mais uma vez com os meninos da minha história e abraçar a todos com braços maiores daqueles de antes.
Ouvir as novas histórias, dos que já agora muito mais tem pra contar.
Vou ao encontro de parte de mim. Vou ao encontro do início de tudo. Vou ao encontro das rochas, das pedras que suportam fortemente tudo o que já construí por sobre eles.
Lágrimas serão incontroláveis. E os antigos sorrisos ganharam dimensão nos novos.

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