17 agosto 2006

Enquanto chove



Chovia. Forte.
Através da janela podia ver o mar. Podia sentir seu cheiro. Seu gosto de sal.
Lembrou do poema, o seu preferido, esboçou um sorriso no rosto. A música suave lhe fazia sentir um suave toque na alma e o gole do vinho lhe pareceu ainda mais saboroso. Sentia-se aquecida. Protegida.
Estendeu seus dedos ao vidro e em movimentos lentos e leves escreveu algumas palavras. Duas. Três. Uma frase... um sentido. Uma memória.
Fechou os olhos. Suspirou fundo. Sentiu seu transparente vestido se abrir e deixar à mostra seu corpo nu. Seus cabelos afastados pelas mãos que lhe acariciavam. Em seu pescoço um hálito quente, beijos. E em seu ouvido a leitura das palavras na janela.
Tomaram vinho. Amaram-se.
Duas. Três.. todos os sentidos.
Lá fora o mar, seu cheiro e seu gosto de sal.
Chovia forte.
Inundaram-se.

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