19 novembro 2006

Silêncio Poético

"Ser Cósmico"
Lia Knapp


Havia o cheiro da terra. De terra molhada e um leve e delicioso cheiro de mato no ar... e embora não conhecesse aquele lugar sentia-se tranquila em continuar o caminho. Devagar, enquanto admirava as árvores e ouvia atentamente os ruídos, o vento tocava seu corpo causando-lhe um certo prazer e timidamente deixava escapar um sorriso misterioso e cheio de beleza em seu rosto iluminado de sol. Então, perto do lago decidiu parar um pouco.. deitar-se. Já muito forte estava o sol. Levantou-se. Aproximou-se do lago e uma a uma livrou-se das peças de sua roupa.. estava nua, livre, entregue. Assim entrou no lago.. refrescou a alma. Brincou com a água, sorriu alto para que os pássaros guardassem sua voz... recitou poemas, os seus preferidos. Sorriu, sorriu, gargalhou. Ainda era necessário que as árvores, os pássaros e a terra decorassem sua voz e nelas guardassem seu eco. Mas também chorou. Chorou baixinho, para que eles não conhecessem o pranto, a saudade, a dor. Refeita para que deste momento, deste ultimo momento, só restasse prazer, beleza e poesia, vestiu-se de imensidão e mergulhou. Mergulho profundo e definitivo. Encontro com o silencio poético de tudo.

Nenhum comentário: