01 dezembro 2006

Hora Exata


óleo: fratura exposta
fernando pacheco

Reconheço em mim uma sensibilidade atenta. Natural. De quem levemente se embala com o poema sonoro de uma cidade e se encanta com as cores das pessoas que andam e passam. Que passam por mim. Do céu que beija o mar e do mar que se deita por sobre a terra. Saboreio o sal. Absorvo maresia e engravido fantasia.
Mas há dias em que se vive o momento preciso, a hora exata. Onde nem de mim me escondo. Sou exposta como fratura. Em carne viva. Reconheço, admito fraqueza, decepção, impotência, medo e até melancolia. Já sou eu sem ser. Sem títulos, sem postos, carreira e profissão. Sem pernas nem mãos. E assim... inteira, entregue. Isenta.
Há dias que o silencio me atordoa e os soluços me aliviam.

Há o momento preciso
A hora exata, rara
Da nudez total
Em carne viva

Há a hora precisa
De momento inexato
Fantasia

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