13 fevereiro 2009

Trote Estudantil:
De brincadeiras a crimes violentos



O trote estudantil não é uma exclusividade brasileira, muito menos foi inventado no Brasil. Seu histórico pode ser traçado a partir do começo das primeiras universidades, na Europa da Idade Média (Vasconcelos, 1993, p.13). Nestas instituições, surgiu o hábito de separar veteranos e calouros, aos quais não era permitido assistirem as aulas no interior das respectivas salas, mas apenas em seus vestíbulos (de onde veio o termo "vestibulando" para designar estes novatos). Por razões profiláticas, os calouros tinham as cabeças raspadas e suas roupas muitas vezes eram queimadas.
No Brasil o trote já é uma tradição muito antiga que começou a ser usadas apenas com tintas, água e corte dos cabelos e o que poderia ser apenas uma brincadeira divertida e inofensiva passou a ser a prática de violência e humilhação de toda espécie.
È inacreditável que tudo isso aconteça anos após anos sem que nada seja feito para coibir esses crimes.

Este ano, dez anos depois da morte do estudante de medicina, Edison Tsung Chi Hsueh, calouro da USP(Universidade de São Paulo), que teve o processo arquivado e seus algozes vivem livres como se nada tivesse acontecido, novos crimes aconteceram.

Priscilla Vieira Rezende Muniz, 18 anos, que está grávida, foi queimada durante um trote com uma mistura de gasolina e creolina quando fazia sua matricula na ultima segunda-feira (9) na Fundação Municipal de Educação e Cultura (Funec), em Santa Fé do Sul, no interior de São Paulo. O mesmo aconteceu com a caloura de Letras, a estudante Jéssica da Silva Rezende, 17 anos na mesma instituição. Quando foi atingida, Jéssica ainda estava dentro da faculdade. “Foi antes da Catraca” disse ela.

Depois do trote, Bruno César Ferreira foi internado em coma alcoólico, além de ter várias escoriações pelo corpo, resultado de chutes, pontapés e chicotadas por veteranos da Faculdade Anhanguera, uma universidade particular de Leme (SP).

Todos os anos temos visto esse tipo de crime acontecer sem que os agressores, criminosos, insanos, bandidos sejam punidos. As Universidades e a policia têm que garantir a segurança dos calouros e a justiça punir os criminosos.

Outras mortes:
Carlos Alberto de Sousa (20 anos -Jornalismo/Universidade de Mogi das Cruzes-SP - 1980), em decorrência de traumatismo crânio-encefálico resultante de agressões de veterano

George Mattos (23 anos - Direito/ Fundação de Ensino Superior de Rio Verde-GO - 1990), em decorrência de parada cardíaca ao tentar fugir de veteranos.

Quantas mortes ainda teremos que assistir? Sinto uma indignação repleta de vergonha!

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